Thyresis é uma banda brasileira de death metal melódico formada em 2006 na cidade de João Pessoa, Paraíba. A banda é atualmente composta por Victor Hugo Targino no baixo e vocais, Eduardo Borsero (também no Soturnus) e Danilo Rufino nas guitarras e Demetrius Pedrosa (também no Metacrose) na bateria. Em 2011 lançaram seu debut, auto-intitulado, mixado pelo vocalista e baixista Victor Targino, e masterizado pelo renomado Jens Bogren, que tem em seu currículo bandas como Kreator, Symphony X, Enslaved, Opeth, e Amon Amarth.
O álbum começa com “Silent Monologue”, curta introdução instrumental que dá uma amostra do que poderemos encontrar durante todo o álbum. Em seguida temos “Journey”; a faixa começa com guitarras melódicas e uma bateria insana, cheia de blast-beats. Logo depois temos um momento bastante sólido, onde as guitarras fazem um lick de melodeath. Continuando na faixa, podemos perceber as diversas influências no som da banda: thrash metal no pré-refrão, e power metal no solo de guitarra, que devido a seu nível de epicidade, chega a lembrar bandas como o Rhapsody Of Fire. Enfim, o que temos é uma faixa que flerta entre o Death, o Thrash, e o Power Metal.
Continuando com “Refugee”, outra curta faixa instrumental, só que dessa vez temos uma melodia bastante relaxante. “Voices Of Me” é uma faixa totalmente calcada no thrash, onde a seção rítmica não possue muitas variações, mas como sempre, a banda faz questão de deixar as frases melódicas de guitarras soltas ao longo da faixa. “Dispersed” é uma das faixas que mais fazem lembrar a cena escandinava dos anos 90, através de magníficos licks de guitarras temos um passeio entre diversos estilos, podemos perceber até mesmo uma âncora para o chamado viking metal aos 2:52. Com certeza uma das melhores, senão a melhor faixa do trabalho.
Esquerda para direita - Victor Hugo Targino (Baixo e voz), Demetrius Pedrosa (Bateria), Eduardo Borsero (Guitarras) e Danilo Rufino (Guitarras) |
Em “Broken Home” escutamos um trecho de um dos paranoicos discursos do senhor Charles Manson, uma das fuguras mais intrigantes da história. “A Dead Resource” é uma faixa extremamente pesada e com passagens de black metal melódico no refrão. “Beyond Infinity” talvez seja a faixa mais cativante do álbum, aquela que gruda na mente. A guitarra que ouvimos no refrão é black metal puro, daqueles que remetem a um velho Immortal, porém, a estrutura da faixa, num geral, tem mais influência de thrash. Já “The Ties Of Ignorance” é thrash puro, tanto que a faixa me lembrou bastante o Sodom. “Inside” é mais uma curta instrumental calma, simplista e relaxante, mas na minha opinião, desnecessária. Acredito que essa passagem sonora poderia estar muito bem inserida em alguma faixa. “Strenght Within” realmente não me chamou a atenção, apesar de enérgica, não conseguiu me entreter em nenhum momento de sua extensão. Em “Thyresis”, faixa auto-intitulada, talvez temos a explicação para o nome da banda “Thy Resistance”, não tenho certeza, mas, quem sabe? [risos]. Uma ótima composição, acho que essa faixa deveria ter fechado o álbum. Bastante melódica, e com outro inflamado discurso do Manson.
Na parte final do álbum, temos “Still Alive”, outra faixa que deveria ter sido descartada, afinal, o trabalho tem tantas ótimas músicas. Ainda bem que essa faixa está bem no final do álbum, pois, apesar de ter uma ótima letra, carece de atrativos na sonoridade. Em seguida temos “Risen”, que ao contrário da faixa anterior, passa uma imensa energia, ou até mesmo emoção, em seu refrão:
“Wake up and see you are not all alone, distrust you gave and made your own fear grow, embraced the darkness and hid from the day, you felt so lost but was not given away”. Destaque para a carregada cozinha, que proporciona uma imensa solidez a faixa.
Para fechar o álbum temos “Silent Scream”, instrumental que eu também retiraria do álbum. Ao final do trabalho, o que concluímos é que a banda é deveras competente, faz um som que agrega influências de Thrash, Death Melódico, Power, e Black Melódico. Com toda essa diversidade sonora, consegue alcançar uma sonoridade bem peculiar, que apesar de remeter a várias bandas (Dark Tranquillity, At The Gates, Immortal, Sodom, Rhapsody Of Fire), não soa cópia de nenhuma coisa já criada, e realmente impressiona como soam originais. Na parte lírica, a banda critica diversos formalismos e dogmas da sociedade, onde qualquer pensamento diferente da maioria é taxado negativamente. Todas as letras ficaram por conta do baixista e vocalista Victor Hugo Targino, exceto “Dispersed” e “The Ties Of Ignorance”, que são de autoria de Josué de Queiróz.
Quanto aos pontos negativos, e que devem ser melhorados, ficam por conta da cozinha. O baixo está um pouco defasado na gravação, realmente eu senti falta do mesmo. Outro detalhe é que senti uma enorme carência de uma certa virtuosidade na cozinha. No caso da bateria, apesar de soar bastante pesada, cheia de blast beats, carece de viradas desconcertantes. Por último, também acho que a banda deveria ser mais seletiva na gravação de um próximo trabalho, visto que em meio a verdadeiras obras-primas, como “Risen”, “Journey”, e “Beyond Infinity”, temos algo como “Strenght Within” ou “Still Alive”. No mais, nada que manche o incrível trabalho desses paraibanos. Um fato interessante, é que a sonoridade que eles buscam ainda não é muito popular no Brasil, que é um páis onde a maioria dos headbangers ainda estão nos anos 80. Eu sei que acabo sendo chato quando toco nesse assunto, mas realmente eu não consigo entender o repúdio à sonoridades modernas, mesmo quando elas soam extremamente competentes, como é o caso da Thyresis. Fiquei bastante empolgado com o trabalho, e espero ansioso um novo material desta banda, que possue um enorme potencial para continuar honrando o metal brasileiro.
Informações técnicas
Tracklist:
1. Silent Monologue
2. Journey
3. Refugee
4. Voices Of Me
5. Dispersed
6. Broken Home
7. A Dead Resource
8. Beyond Infinity
9. The Ties Of Ignorance
10. Inside
11. Strenght Within
12. Thyresis
13. Still Alive
14. Risen
15. Silent Scream
Formação:
Eduardo Borsero Guitarra
Victor Hugo Targino Vocal, Baixo
Danilo Rufino Guitarra
Demetrius Pedrosa Bateria
Lançamento: 15 de Setembro de 2011
Avaliação: 8,3
Prós:
- Músicos extremamente criativos que conseguiram criar um som único e original através da mesclagem de vários gêneros.
- Temática lírica bem abordada
Contras:
- Carência de virtuosismo na cozinha
Links: https://www.facebook.com/Thyresis?fref=ts
http://www.thyresis.com/
https://twitter.com/Thyresis
http://thyresis.bandcamp.com/
Confira também a entrevista com a banda aqui.
Por: Eduardo Santos