Resenha: The Faceless - Autotheism




   Pra quem não conhece a banda, o The Faceless foi fundado em Encine, Califórnia, pelo guitarrista Michael Keene e o baixista Brandon Giffin, em 2004. Em seu debut álbum, Akeldama, lançado em 2006, começaram fazendo um som calcado no Deathcore, mas sempre mostrando em suas composições um lado técnico maior do que a média do estilo. Conseguiram certa relevância no segundo álbum, Planetary Duality, lançado em 2008, chegando a alcançar a posição 119º no ranking da Billboard 200, e, a partir daí, o terceiro álbum foi muito esperado por toda a crítica, devido a uma banda com um som tão brutal e  técnico ter essa ascensão tão rapidamente.


     Mas vamos ao que interessa.
   Depois da saída de vários membros, só restando o membro fundador Michael Keene, é então lançado o terceiro trabalho, Autotheism. Aqui vemos uma diferença enorme na proposta sonora da banda, que abriu mão da brutalidade excessiva, para dar lugar a uma musicalidade não alcançada em trabalhos anteriores. A característica mais notável, é que dessa vez eles conseguiram explorar muito bem a presença de 2 vocalistas, alternando vocais guturais e limpos com muita frequência. Talvez esse fator não agradou alguns fãs da banda, justamente por ter criado uma nova faceta pra mesma. Isso fica bem notável logo na primeira faixa, “Autotheist Movement I:Create”, onde 80% dos vocais são limpos, mas, não só essa característica é estranha para os antigos ouvintes da banda, como também o andamento bem cadenciado da música, sem aquela virtuosidade toda, mas criando um clima bem interessante, que consegue perfeitamente emendar com a brutalidade iniciada em “Autotheist Movement II:Emancipated”, que apesar de pesada, goza de boas doses melódicas ao longo de sua extensão, inclusive continuando com refrãos pegajosos, assim como a primeira faixa e todo o resto do álbum. Em “Autotheist Movement III:Deconsecrate”, temos outra faixa matadora, alternando momentos de calmaria com a brutalidade que revelou a banda. Essa faixa em especial é uma das mais interessantes e ricas musicalmente do álbum, tendo seu solo de guitarra nitidamente influenciado por estilos como o jazz, e chegando a contar até com a presença de um solo de saxofone, feito pelo músico Sergio Flores.
   Em “Accelerated Evolution” não temos uma diversidade sonora tão grande, como nas 3 primeiras faixas, deixando de mesclar tantos elementos, e se limitando apenas a uma boa faixa de deathcore. Já em “The Eidolon Reality” temos aquele que é o refrão mais pegajoso do álbum, uma faixa cheia de feeling e de riffs exóticos, aqui a banda chega a seu “ápice de acessibilidade musical”, só basta apenas uma audição, e esse refrão não sairá da sua mente tão fácil: “Beyond the eidolon reality, blinding me, a connection unfolds”, com toda certeza essa faixa merece um videoclipe, de tão fácil que é a degustação. Em “Ten Billion Years” não consegui perceber nenhum destaque, e realmente me soou monótona, não chegando a ser ruim, mas carece em manter o nível do álbum. 
     Na parte final do álbum, temos a faixa “Hail Science”, que nada mais é do que a voz de uma pessoa, anunciando uma certa derrubada de todas as crenças religiosas pelo verdadeiro Deus, que seria o conhecimento. Logo em seguida, “Hymn Of Sanity”, faixa com pouco mais de um minuto e meio de duração, exceção do álbum, essa faixa poderia estar em qualquer um dos álbuns anteriores da banda, pois não possui vocais limpos, nem goza de melodias cativantes, apenas exala uma devastação musical descomunal.  Pra fechar com chave de ouro temos “In Solitude”, a faixa mais melódica do álbum se inicia com lindos arranjos, ao lado da voz limpa de Michael Keene, e depois de uma curta passagem acústica, evolue para uma música que surpreende o ouvinte, mesmo depois de tanta virtuosidade ao longo do álbum, aqui as guitarras soam mais melódicas do que tudo, e até o vocal gutural de Geoffrey Ficco se torna melódico, lembrando bandas de melodeath (sim, com um pouco de atenção se nota as influências de bandas como Dark Tranquility, principalmente no refrão).
   O tema lírico abordado no álbum é ciência x religião, tema que eles abordaram de uma maneira inteligente, e não como a maioria das bandas clichês de metal extremo fazem. Aqui eles não se concentraram em sair insultando religiões, e sim analisar de uma perspectiva mais filosófica, confrontando-as com a ciência.
   O álbum surpreendeu em todos os aspectos, conseguiu chegar a 49º posição no chart da billboard 200, creio eu que fato inédito para uma banda do estilo (corrijam-me se eu estiver enganado). O que poderemos esperar dessa banda só saberemos no futuro, mas para mim, já pode ficar ao lado de bandas como Necrophagist, pelo menos em questão de criatividade, já de história, ainda precisa lançar mais um álbum desse nível para se firmar de vez. Um dos melhores álbuns do ano, sem sombra de dúvida.


Informações técnicas

Tracklist:
1.           Autotheist Movement I: Create
2.           Autotheist Movement II: Emancipated
3.           Autotheist Movement III: Deconsecrate
4.           Accelerated Evolution
5.           The Eidolon Reality
6.           Ten Billion Years
7.           Hail Science
8.           Hymn Of Sanity
9.           In Solitude

Membros:
Michael Keene                  Guitarra, Vocais (clean), Teclado, Sequenciador
Wes Haunch                      Guitarra
Geoffrey Ficco                  Vocais
Evan Brewer                      Baixo
Lyle Cooper                       Bateria

Data de Lançamento: 14 de agosto de 2012

Avaliação: 9,5
Prós: 


  •      Criatividade musical no ápice. 
  •      Alternância de vocal gutural e limpo sem soar clichê. 
  •      Tema bem abordado.


Contras:  


  •  O vocal limpo de Michael Keene não é tão agradável se formos levar em consideração apenas o aspecto técnico. 
Por: Eduardo Santos

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